O regresso das férias de verão é uma experiência anual verdadeiramente intransponível na vida de qualquer pessoa. Pelo menos das que gostam de férias. A mim custa-me. É como se as palavras também tivessem ido descansar para longe de mim e resistissem ao dever de voltar para me servir a inspiração. Tenho de fazer um esforço herculano para resgatar cada uma delas e arrumá-las de forma a conseguir alinhar umas quantas ideias para o arranque da nova época. Como se fosse eu a pertencer-lhes e não elas a mim.
Estou a usar a meia dúzia que consegui trazer de volta à rotina para desejar a todos um bom regresso à vidinha normal, de preferência sempre na companhia do Mal Dito Algarve. Não prometo nada de especial porque tenho por hábito não cumprir as promessas, mas é provável que continue a escrever sobre o que gosto e às vezes sobre o que nem por isso.
Agora que já espantei a preguiça e dei ordem de regresso às palavras…
Sinceramente, a quem é que eu estou a tentar enganar? Como é que se tira esta estúpida angústia da garganta por terem acabado as férias? Como é que se consegue passar um dia inteiro a levar a vida a sério sem pensar no mar a espraiar-se ali mesmo ao lado nas areias agora quase desertas? Quem é que tem energia para organizar a agenda, quando esta brisa morna nos empurra para as esplanadas ainda apinhadas de gente, quando estas manhãs luminosas teimam em chamar-nos para um belo passeio ao ar livre, quando o entardecer parece prolongar-se mais um bocadinho para nos dar tempo a um último mergulho nas ondas de setembro…?
Por que tinham de acabar as férias? Porquê, se o verão ainda não acabou?!